DeletedUser6
Guest
Atendendo ao título deste tópico, não poderia deixar de mencionar aquele que é considerado o mais universal poeta português, aquele que se repartiu em múltiplas personalidades tão distintas, tendo criado inclusive a chamada “invenção heteronímica”. Portanto, inicio discurso exatamente por Fernando Pessoa, o qual escreveu tão simplesmente «A minha pátria é a Língua Portuguesa».
O que diria Ricardo Reis à sua Lídia ao constatar a pobreza a que esta pátria intelectual foi submetida? Continuaria Alberto Caeiro a correr as cortinas da janela, deparando-se com a falta de esforço empenhado numa ortografia correta?
Imagino lucidamente concílios dos deuses da Língua Portuguesa, no Quinto Império, em pleno plenário cuja ordem de trabalhos seria idealizar formas de erradicar agramaticalidades, sintaxes sintomáticas e ortografias disfuncionais.
Não bastando a existência de uma crise económica, tão influenciada por uma constante crise de valores, junta-se também a este pacote a crise, talvez existencial, que afeta a Língua de Camões. Costumo perguntar-me como é sequer possível ainda se comemorar alegremente o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, havendo tantas pessoas a cometer erros crassos, destruindo por completo a cultura e património inerentes a este feriado nacional. Obviamente, mais um dia de descanso ou lazer é sempre bem-vindo, portanto, para quê pensar-se no estorvo que é o conhecimento mínimo e cuidado da nossa língua nativa, não é verdade?
Já puderam, com certeza, perceber que as constantes atrocidades linguísticas com que me deparo, me corroem a alma e sou bastante cuidadosa, para não dizer picuinhas, com a escrita. Dou por mim, muitas vezes, quase automaticamente, a corrigir erros que me afligem a mente em tópicos, nos quais deveria estar a elaborar resposta. Não quero com isto dizer que não possa cometer gafes e erros de vez em quando, fruto de distrações ou até mesmo de falta de conhecimento. Afinal, mesmo em temas que dominamos, estamos sujeitos a limitações. No entanto, creio que o principal fator que separa os bons conhecedores da Língua Portuguesa daqueles que nem a mais simples frase conseguem redigir sem cometer um erro atroz é o respeito pela Língua Portuguesa.
É certo que somos criaturas de hábitos, mas já que não podemos desfazer o passado, cabe-nos a responsabilidade de combater e resistir à tentação de incorrer em punhaladas à nossa pátria imaterial, enraizando gradualmente novos e melhorados costumes. Não nos escudemos nas políticas governamentais, ou falta delas, como desculpa pela nossa incompetência linguística e analfabetismo funcional. Não me recordo de nenhum caso em que o ato de ler tivesse por mera casualidade ferido a vista a alguém. Nunca ouvi falar de nenhuma situação em que escrever corretamente tivesse feito cair um dedo ao executor da tarefa. Portanto, creio ser este o momento ideal para referir as habituais desculpas da não satisfação pela leitura ou escrita. Pode até ser uma desculpa válida, contudo, não passa disso mesmo – uma desculpa! Numa época em que existem tantos estilos literários à escolha – desde o romance, passando por ensaios, até ao humorismo – não consigo realmente discernir a lógica e racionalidade por detrás desta mentalidade.
Aproveito para solicitar brevemente que me perdoem (ou não) a utilização desta nova (a)versão facilitada da Língua Portuguesa a que apelidaram de Novo Acordo Ortográfico. Normalmente, confesso-vos que o designo ironicamente por “N.A.O.”, mas deixo este debate para uma outra altura, visto que muito provavelmente dará pano para mangas. Infelizmente, sou obrigada a utilizá-lo em publicações oficiais.
Erga-se mais uma Geração de 70, eleve-se mais um Saramago. Enalteço, assim, os que não deixaram o rio passar sem nada deixar!
Permitam-me, finalmente, saudar os valorosos que contribuem para a preservação da nossa pátria – a Língua Portuguesa!
O que diria Ricardo Reis à sua Lídia ao constatar a pobreza a que esta pátria intelectual foi submetida? Continuaria Alberto Caeiro a correr as cortinas da janela, deparando-se com a falta de esforço empenhado numa ortografia correta?
Imagino lucidamente concílios dos deuses da Língua Portuguesa, no Quinto Império, em pleno plenário cuja ordem de trabalhos seria idealizar formas de erradicar agramaticalidades, sintaxes sintomáticas e ortografias disfuncionais.
Não bastando a existência de uma crise económica, tão influenciada por uma constante crise de valores, junta-se também a este pacote a crise, talvez existencial, que afeta a Língua de Camões. Costumo perguntar-me como é sequer possível ainda se comemorar alegremente o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, havendo tantas pessoas a cometer erros crassos, destruindo por completo a cultura e património inerentes a este feriado nacional. Obviamente, mais um dia de descanso ou lazer é sempre bem-vindo, portanto, para quê pensar-se no estorvo que é o conhecimento mínimo e cuidado da nossa língua nativa, não é verdade?
Já puderam, com certeza, perceber que as constantes atrocidades linguísticas com que me deparo, me corroem a alma e sou bastante cuidadosa, para não dizer picuinhas, com a escrita. Dou por mim, muitas vezes, quase automaticamente, a corrigir erros que me afligem a mente em tópicos, nos quais deveria estar a elaborar resposta. Não quero com isto dizer que não possa cometer gafes e erros de vez em quando, fruto de distrações ou até mesmo de falta de conhecimento. Afinal, mesmo em temas que dominamos, estamos sujeitos a limitações. No entanto, creio que o principal fator que separa os bons conhecedores da Língua Portuguesa daqueles que nem a mais simples frase conseguem redigir sem cometer um erro atroz é o respeito pela Língua Portuguesa.
É certo que somos criaturas de hábitos, mas já que não podemos desfazer o passado, cabe-nos a responsabilidade de combater e resistir à tentação de incorrer em punhaladas à nossa pátria imaterial, enraizando gradualmente novos e melhorados costumes. Não nos escudemos nas políticas governamentais, ou falta delas, como desculpa pela nossa incompetência linguística e analfabetismo funcional. Não me recordo de nenhum caso em que o ato de ler tivesse por mera casualidade ferido a vista a alguém. Nunca ouvi falar de nenhuma situação em que escrever corretamente tivesse feito cair um dedo ao executor da tarefa. Portanto, creio ser este o momento ideal para referir as habituais desculpas da não satisfação pela leitura ou escrita. Pode até ser uma desculpa válida, contudo, não passa disso mesmo – uma desculpa! Numa época em que existem tantos estilos literários à escolha – desde o romance, passando por ensaios, até ao humorismo – não consigo realmente discernir a lógica e racionalidade por detrás desta mentalidade.
Aproveito para solicitar brevemente que me perdoem (ou não) a utilização desta nova (a)versão facilitada da Língua Portuguesa a que apelidaram de Novo Acordo Ortográfico. Normalmente, confesso-vos que o designo ironicamente por “N.A.O.”, mas deixo este debate para uma outra altura, visto que muito provavelmente dará pano para mangas. Infelizmente, sou obrigada a utilizá-lo em publicações oficiais.
Erga-se mais uma Geração de 70, eleve-se mais um Saramago. Enalteço, assim, os que não deixaram o rio passar sem nada deixar!
Permitam-me, finalmente, saudar os valorosos que contribuem para a preservação da nossa pátria – a Língua Portuguesa!